Análise: Batman Arkham Origins


Só para constar, eu contei o enredo inteiro do jogo aí. Se for comentar, LEIA o texto primeiro antes de falar qualquer asneira que o texto já tenha respondido por si só.

Eu adorei Arkham City. Aquele mundo aberto, aquele enredo, aquela ambientação, aquela jogabilidade, adorei tudo. Arkham Asylum também é ótimo. Eu tinha alguma esperança no Origins, ainda mais quando em um dos trailers, tinha uma briga fodida do Exterminador com o Bátema.

Mero engano. O que era uma expectativa, tornou-se uma baita de uma decepção. Isto é, a sensação que eu tinha era de estar jogando um DLC grandão. Não é igual à Saints Row IV, que era originalmente um DLC do III e depois decidiram expandir. Ao menos, em SRIV tem conteúdo divertido e só a questão dos superpoderes já destoa do jogo original. Origins, não. É mais do mesmo, no sentido mais íntegro e puro da expressão. Então vamo lá com a análise. Vamo lá porque o pau vai comê solto por aqui.

O enredo começa com um jovem Bátema, ainda lenda urbana em vez de herói consolidado, tentando controlar uma rebelião na prisão Blackgate, onde o vilão chamado Máscara Negra teria assassinado Loeb, o comissário de Gotham anterior ao Gordon. Depois de mostrar o capuz e a capa (pra não dizer “mostrar a cara”), o Máscara Negra coloca a cabeça do morcegão à prêmio e contrata assassinos para persegui-lo. O Bátema, por outro lado, decide ir atrás do Máscara Negra e dar uns belos sopapos nele. Depois de encher a paciência do Pinguim atrás de informações e descobrir que o Máscara Negra não é o máscara Negra, a Morcega chega num banco e descobre que o Máscara Negra não era o Máscara Negra e sim o Coringa, o palhaço, o jóquer, o palhaço, usando uma máscara negra. Onde estava o verdadeiro? Ele estava sendo mantido em cativeiro, mas ninguém se importa.

A seguir, o Coringa foge e se esconde num hotel. Ele (além de seus capangas e assassinos mercenários contratados – ao menos os que tinham sobrado até aquele momento) faz a limpa no hotel todo e deixa vários funcionários presos lá dentro, enquanto ele se refugiava no terraço. Pô, santa criatividade, hein bátman! Por que diabos os vilões nunca escolhem o térreo do prédio? E o pior é que você entra no edifício pelo topo, desce o prédio inteiro e só então descobre que o Coringa está no topo. Bravo Nolan.

Chegando lá, o Coringa te coloca pra brigar com o Bane depois de um surto em que o próprio paiaço começa a explodir todos os prédios em volta (até que é uma boa sequência). Depois de tomar uma surra ou outra, o plano do Coringa mela. Bane consegue fugir, mas o Palhaço Príncipe do Crime cai da sacada do hotel. Ele é salvo pelo Bátema e é preso, mas não antes de criar uma fixação pela morcega.

Enfim, ele vai para a prisão Blackgate, a mesma onde havia acontecido a rebelião um pouco antes – o sistema judiciário de Gotham é de causar inveja, puta que pariu – onde é examinado pela Dra. Harleen Quinzel e, enquanto ele fala, o jogador participa de várias sequências que recriariam suas várias origens nos quadrinhos, uma referência à icônica página de Alan Moore em que ele tem três cartas, cada um com uma origem e fala “escolha”.

Ao Bátema, cabe ir atrás de limpar o que sobrou, como salvar a ponte da cidade que seria bombardeada pelo Mariposa – e que rendeu uma das lutas contra chefes mais imbecis e irritantes dessa geração – e achar o esconderijo do Bane. Depois de um tempo, descobre-se que o Coringa já comandou outra rebelião com a ajuda do amiguinho Bane. Isso que ele mal havia chegado à prisão direito. Bravo Nolan.

Depois de uma cena emocionante onde o Comissário Gordon entra na frente da linha de fogo do Coringa e de mais uma briga contra o Bane (que é idêntica à primeira), o Coringa começa a fugir pela prisão e o Bane se bomba para ficar monstrão (pff, quem precisa de academia?). Cabe ao Bátema surrá-lo e ir atrás do Coringa, onde a briga final, que é um Quicktime Event retardadíssimo, acontece numa igreja. Fim do jogo.

E sim, é repentino e imbecil desse jeito. O enredo é imbecil. O Bátema não foi escrito pelo Nolan, mas parece que a imbecilidade do Dolan não saiu do Bátema. O Coringa contrata diversos assassinos, mas nem todos eles são missões obrigatórias do jogo, sendo relegados apenas à subquests. O Charada continua tão chato como nunca. O Anarquia só está lá porque começaram a lamber bolas demais de um vilão de bosta e que nunca foi grande coisa. Já tinham cagado com o potencial do Chapeleiro Louco em Arkham City e realizam a façanha de piorar a situação ainda em Arkham Origins. As quests secundárias são estupidamente entediantes e repetitivas.

O que mais me causou nojo mesmo foi a utilização dos personagens. Começando pelo Exterminador. O Exterminador é simplesmente um dos vilões/anti-heróis mais fodas de toda a DC e merecia muito ter um destaque maior do que uma única luta. Sério. Ele apareceu logo no começo e logo pediu arrego. O Exterminador que eu conheço ou apanha, ou foge. Pedir arrego daquele jeito que ele pediu é deprimente. Depois disso, ele só foi aparecer de novo na prisão, ao fim do jogo. E em uma cena logo depois dos créditos. Sacanagem. O Trailer de lançamento dava a entender que o Exterminador ia ter um papel de destaque, muito porque é basicamente ele no vídeo. Sem falar que a luta dele foi totalmente aleatória. Se cortassem a luta dele, não ia acontecer nada, porque ela não gerou consequência alguma depois. E se fosse para fazer o que acabaram fazendo mesmo, que tivesse sido cortada. Luta inteira à base de contra-ataque para o Exterminador pedir arrego no final é foda.

E o Bane? Por que o Bane é o vilão coadjuvante principal? Por que insistem em lamber as bolas de um personagem restolho que nem ele? O cara é ridículo. Em vez de dar o papel ao Exterminador, não. Preferem colocar o Bane como vilão coadjuvante principal e usá-lo só porque as putinhas do Nolan o acham um máximo, mesmo já sendo um vilão ridículo e que apareceu no filme de maneira mais ridícula e tosca ainda. O cara é tão ridículo e tosco que só tem uma única cena memorável e que é reproduzida em todo santo lugar onde ele apareceu que é a joelhada na coluna da morcega. E só. Bane não deveria passar de recurso cômico, coisa que ele foi em Batman & Robin.

E tem o Coringa. Precisam mesmo usar o Coringa? E o pior é que, por mais que eu queira falar mal, ele foi bem escrito no jogo. Ok, o character design dele ficou uma bosta – só melhor do que o Coringa do defunto lá, mas o personagem em si ficou muito bom. E a graça é que agora é oficial. O Coringa é gay pelo Bátema de forma canon. Ao menos nos videogames. Isso dá a entender quando o Coringa começa a falar com a Harleen na sessão de psiquiatria. Ele começa a falar de alguém que o completa e que o deixa excitado. Harleen pensa que é com ela, mas na tela, aparece só a Morcega, dessa forma é óbvio deduzirmos de quem é realmente de que ele está falando. Se quiserem mais uma prova, no final do jogo o Coringa espera o Bátema na igreja. Isso é meio óbvio que dá a entender que o Coringa quer se casar com a Morcega.

Ainda assim, sinto falta do Hammil dublando o Coringa. Esse novo cara é totalmente nada a ver. E aqui abre a deixa para comentar a dublagem do jogo em português. Já começou errado quando indicam na capa que foram os mesmos dubladores da trilogia toscona do Dolan, mas dá para engolir. O dublador do Coringa não é o mesmo de Injustice, mas ainda é centenas de vezes melhor do que o gringo. E eles usaram o ator do Jim Carrey pra dublar o Charada, então é um ponto extra. E não é problema da dublagem em si, mas acho que o Bane deveria falar com algum sotaque espanhol, mas se o personagem no jogo é mais cagado do que o personagem em si geralmente é, então nem adianta. E o dublador do Slade ficou uma bosta. Deviam ter usado o mesmo de Injustice/Jovens Titãs.

Com relação à jogabilidade, ela é boa, mas não passa disso. Apesar de funcionar, é exatamente um copiar/colar do Arkham City. Incluindo os defeitos. Não há uma melhora no jogo em si. Como eu já disse, não passa de um DLCzão. A própria Gotham é exatamente a mesma e as fases são exatamente as mesmas. Reutilizadas na maior cara dura. Isso é serviço porco. A Warner é ridícula. Quando algo finalmente começa a ir bem, ela tem a mania de foder com tudo. Só a Warner meter o dedo no jogo e tirar a Rocksteady que começaram a avacalhar, principalmente na questão do enredo, que é nível Nolan.

Essa industrialização que provavelmente a Warner vai fazer com o Bátema pode ser muito ruim, mas também pode ter um potencial desgraçado. Explicarei: Eles não devem usar somente o universo do Bátema. Enquanto a Marvel deu a sorte na aposta de começar a fazer um universo cinematográfico (foi uma aposta, era muita grana sem certeza de retorno), a Warner, que é burra demais para fazer algo do tipo no cinema (só ver o Man of Steel 2, a merda de salada que vão fazer), devia começar a criar um universo dos jogos, como contraparte. Nesse jogo do Bátema, existem alguns easter eggs que indicam alguma possibilidade disso acontecer, como é o caso do contêiner que faz referência às Indústrias Queen. Seria ótimo se a Warner fosse inteligente (coisa que não é) para começar a explorar esse universo, fazendo ligações e sequências. Um jogo do Arqueiro Verde poderia usar muito bem a engine de combate do Bátema com algumas sutis mudanças de botão. Basta a Warner não ser burra. E espero que seja justamente o fato de a Rocksteady estar trabalhando num jogo do Arqueiro Verde que a fez se afastar da fraquia Arkham e por isso a Warner Bros precisou assumir. A cena pós-créditos do Exterminador também faz referência ao Esquadrão Suicida, por exemplo. Possibilidade existe, só a Warner não cagar o pau.

A verdade é que Arkham Origins é uma bosta. É repetitivo, não diverte, está cheio de furos e é cansativo. Não é um jogo desses que você começa a jogar e que quando termina, começa a ficar desesperado pela próxima jogatina, como foi em Arkham City. É uma pena que a Warner não faça nada direito. O lance agora é esperar se confirmam logo um jogo do Arqueiro Verde. De preferência, com o Exterminador de vilão. Ou melhor, um jogo do próprio Exterminador, para compensarem a cagada que fizeram com o Slade aqui. O DLC não vale. Eu simplesmente não entendo também como alguém consegue ver esse jogo e fazer algum elogio. Essa juventude de hoje está muito mudada… Bom moçada, eu vou embora que eu tenho mais o que fazer. Vamo embora dessa merda. Tá fedendo já.


Informações

  • Produção: Warner Bros
  • Estúdio: Warner Bros Games Montreal
  • Ano: 2013
  • Gênero: Aventura, Ação
  • Plataformas: PC, X360, PS3

Notas:
[1] Revisão não agrega status a este post, por isso que foi postado sem revisão.
[2] Link relacionado: [Um Grande Filho da Puta]

Publicidade

5 comentários sobre “Análise: Batman Arkham Origins

  1. Pingback: [Games] Um pouco sobre E3 – O dia em que a Nintendo dominou | Pausa para um Café

  2. Ricardo

    O jogo até tem uns combates legaizinhos mas está cheio de bugs. O pior também é o que fizeram com relação ao enigma (charada) sei lá – acaba que vc não enfrenta ele no jogo – fica procurando aquele tanto de arquivo de áudio lá, quebrando torres transmissoras, torre do batwing e no final vc acha que ele está naquela sala lá do qg dele ele já se mandou a muito tempo. P*ta sacanagem com os jogadores.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s