Eu vou ser rápido aqui. Não vou ficar com introdução e os caralhos porque não estou com paciência para essa merda. Aliás, eu nem vou me estender muito, visto que provavelmente vou só recortar e colar tudo o que já conversei com os brothers e montar para dar um texto. De verdade. Já de cara adianto que esse só não é o pior filme que assisti nesse ano porque assisti ao Thor: Ragnalol, que é tão ruim que deveria ser hors-concours só para poder considerar Os Últimos Jedi o pior filme do ano, de fato.
Dá para dizer também que não é o pior Star Wars porque Rogue One existe. A fins de comparação, o Episódio VIII fica mais ou menos no mesmo nível de Ataque dos Clones (que sim, é infinitamente inferior a Ameaça Fantasma, com todos os seus defeitos). Considerando que, dos seis filmes originais, o Episódio II é o mais porco disparadamente, que nos trouxe momentos constrangedores como as cenas de romance entre a Padmé e Anakin que ultrapassam o limite do brega — como a pérola “Eu não gosto de areia, ela é áspera, irritante e entra em todos os lugares” — isso quer dizer muita coisa.
Antes de ver o filme, tinha conhecimento de duas cenas-chave que pareciam resumir a coisa toda. A primeira é a do Luke Skywalker bebendo leite verde da teta do elefante espacial. Me disseram que era um negócio de vergonha alheia, mas na hora, apesar de eu ter dado risada por conta do bicho horroroso em si, achei compreensível o troço escorrendo pela barba do velho Jedi que já está de saco cheio dessa porra toda, com a vida completamente degenerada. Assim, essa, especificamente, não consegui observar nenhum problema objetivo.
A segunda é a da Leia usando os poderes latentes de Jedi para atravessar o vácuo do espaço depois que o trecho da nave onde ela está explode, e aí sim há uma objeção. Por mais que seja chutar cachorro morto (como comentaram comigo), essa cena, em específico, é errada tanto conceitualmente quanto praticamente. Conceitualmente porque a ideia da (agora) velha com poderes Jedi é um negócio de bosta e, por mais que seja originária do episódio VI, o que, portanto, a integra no cânone, é uma concepção boçal que deveria ser morta e esquecida. Praticamente porque ela imóvel flutuando em direção à uma outra embarcação espaecial ficou vergonhoso, parecia a Mary Poppins voando em 1960.
Outro revés é que o filme cria uma barriga safada logo no começo, quando o Finn e a asiática que apareceu do nada e que, na real, não teve utilidade alguma na narrativa, vão até o planeta da burguesia safada atrás de um decodificador capaz de furar o sistema da nave da Primeira Ordem. Foi tempo demais perdido naquilo só para constatar o que todo mundo já sabe (ou deveria saber): que na elite econômica só tem cuzão. O que vem outro ponto de discussão: que insiste que o filme é doutrinador a favor e os caralhos, como se, historicamente, Star Wars já não estivesse bem definido em seu lado do espectro — se quiser ver conservadorismo vencendo, assista a O Senhor dos Anéis.
O problema principal aqui é que o filme é chato e ruim, independente da teoria política envolvida. Eu nem vi tanto discurso doutrinador implícito na narrativa quanto dizem. O Episódio III é bem pior nesse aspecto, por exemplo, em que o Imperador é literalmente o Castelo Branco contra os Jedis Comunistas. Aliás, a única cena que eu achei interessante foi quando o boneco mal animado do Yoda pergunta se o Luke Zizekwalker leu os livros do Manifesto Jedimunista que ele queria queimar, cuja resposta foi uma desconversada bacana, tal qual qualquer um querendo cagar regra a respeito d’O Capital.
Já que tocamos no assunto, aliás, aquele Yoda foi horroroso. Pleno século XXI e me fazem um fantoche mal animado feito a década de 70. Que se foda que é para emular o Yoda da trilogia original. Você usa computação gráfica para tudo quanto é porra nessa indústria de merda e quando deveriam realmente usar porque o efeito físico ficou uma bosta, não usam. Eu sou defensor de efeitos especiais feitos de forma prática — 80% de Mad Max: Estrada da Fúria foi assim, para se ter uma noção —, mas CGI não só pode, como deve ser utilizada como reforço de tais técnicas.
É claro que não vou deixar de citar outras imbecilidades do roteiro, feito o tal do Snoke, que é literalmente o Pica das Galáxias Muito Distantes, não ter visão periférica; feito os Porgs enchendo o saco para roubar o lugar dos Minions como criaturas mais irritantes do cinema; feito o beijo fora de hora da asiática no Finn enquanto tinha a porra de um canhão prestes a atirar bem atrás deles — e ainda reclamaram do beijo sobre os destroços em Man of Steel, sendo que no filme da DC achavam que naquele momento, ao menos, já tinha acabado o problema —; feito o braço vermelho Kojimiano do C3PO que voltou a ser dourado sem justificativa (e 50% da culpa aqui recai sobre o episódio VII); feito aquela cena estúpida da Rey na ilha querendo imitar a caverna de Dagobah com referência visual ao quadro La reproduction interdite, do René Magritte.
Falando em imitar, encheram o saco que O Despertar da Força era rip-off do Episódio IV (e era mesmo, mas isso não é justificativa para chamá-lo de ruim), e que deveriam tomar um novo rumo quando aqui deram o jeito de condensar os Episódios V e VI num filme só. A questão é que, sendo bem honesto, O Império Contra-Ataca é uma bosta, ao contrário do que todo mundo insiste em dizer, e o Retorno de Jedi tem só valor nas cenas do Luke Skywalker trocando uma ideia com o Vader e com o Imperador.
O que faz com que a única sequência legal de Os Últimos Jedi seja justamente a que repete tal situação, que começa com a Rey batendo um papo cabeça com o Snoke e o Kylo Ren — excetuando a morte escrota do Líder Supremo nas mãos do nosso Teen Hipster Severo Snape “quiero ser villano pero mi mamá no me deja” — e vai até a sequência em que a tiazona general espacial direciona o cruzador rebelde em hiperespaço contra a nave gigante da Primeira Ordem (além do trecho em que o Luke fala que os Jedi da Velha República eram todos uns bundões). Depois, o filme passa para um planeta todo branco que é copypasta de Hoth, mas não é Hoth, porque brilhantemente eles trocaram a neve por sal. Olha só, enganaram a gente, a gente achou que fosse outro planeta! Digno de um Tiririca se escondendo em sua mítica propaganda da campanha para a Câmara dos Deputados em 2010. Porra, pelo menos Jakku não se justificava e não tinha vergonha de ser uma cópia de Tatooine.
É impressionante como absolutamente nada se salva nesse filme a nível técnico. Ele falha em trazer uma história interessante a nível narrativo, falha em impressionar o espectador a nível visual e a trilha sonora é provavelmente o trabalho mais preguiçoso e sem graça da vida do John Williams, lembrando que até mesmo Ataque dos Clones teve uma puta OST com o tema Across the Stars. Aqui, a única que se salva é a reutilização cansativa do tema da Rey, do filme anterior. Para não dizer que estou mentindo, a única cena que realmente me agradou a nível de composição foi o Slavoj Zizekwalker se tornando um com a força ao pôr do sol que visualmente homenageava Tatooine.
Em tempo, o personagem do Kylo Ren, que eu estava em dúvida se gostava ou não em O Despertar da Força, se consolidou oficialmente como o bostinha que tanto almejou ser. O cara atinge a escala “Sasuke” de boçalidade, considerando que ele mata o suposto Chefão Final só para assumir seu lugar e chamar atenção, feito um moleque mimado fazendo traquinagens.
Só que eu não sou um fã de Star Wars, visto que eu só critico o filme e mimimi. Lembro de ter lido um texto no Facebook chamado “Imagine Retorno de Jedi lançado nos dias de hoje”, que enumerava todas as falhas do filme em questão, como se fosse coisa da nova geração, mas o cara que escreveu essa desgraça não faz ideia de que todos os itens da lista que ele levanta são, além de reclamações pertinentes, vários dos defeitos apontados pelos fãs ainda em 1983. Sempre reclamaram da merda dos Ewoks, por exemplo, ou que há tempos o filme é considerado “facilmente o mais fraco da série”, pelo menos até A Ameaça Fantasma dar as caras, mas sempre lembrando que a sequência dos Pods e a briga contra o Darth Maul consegue ser melhor do que qualquer coisa no Episódio VIII.
Pensando bem, acho justo dizer que Os Último Jedi é o filme mais horroroso do ano sim, considerando que Thor: Ragnalol é de uma ruindade suprema que não deveria nem estar ao lado de certas películas que brigam para garantir seu lugar na penumbra, um autêntico café com leite. O mais interessante é que, por pior que esse Episódio VIII seja, consegue ser dois dedos superior a Rogue One.
Informações
- Duração: 152 Min.
- Ano: 2017
- Direção: Rian Johnson
- Roteiro: Rian Johnson
- Trilha Sonora: John Williams
- País: Estados Unidos
- Gênero: Aventura
- Estrelando: Mark Hamill, Carrie Fisher, Adam Driver, Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac