Análise: The Next Day – David Bowie

Eu escuto David Bowie desde criança. Se não me engano, era ninado com Life On Mars?. Só que ele nunca me interessou como artista até mais ou menos uns quinze ou dezesseis anos. Sei lá, simplesmente não me chamava atenção. Curiosamente, uma época logo antes eu comecei a dar mais atenção ao Prince também. Aí eu comecei a empreitada de saber tudo sobre ele, escutar toda sua discografia, ver todos os filmes e assim vai.

Chegou uma hora que acabou o material. Pode ser estranho, julgando pela quantidade de Bowie que existe por aí, mas simplesmente acabou. Precisava de mais. Desde então, eu só ficava me lamentando, sobre quando aquele velho genialmente safado ia tirar a bunda da cadeira e decidir trabalhar.

Quando chegou em meados de 2012, eu por algum motivo comecei a achar que ele estava para voltar. Não sei também. Ele aparecia bastante na rua e os paparazzi conseguiam tirar fotos dele. Nesses 10 anos de reclusão, foram pouquíssimas fotos dele. A maioria era aparição pública mesmo, como o lançamento do filme Moon, em 2009, no qual seu filho era diretor. Eu comecei a desconfiar. Era meio estranho. Aí achei que ele ia fazer surpresa na abertura ou encerramento das Olimpíadas. Ele foi chamado para tal, mas não aceitou. E todo mundo aqui se coçando sobre quando ele vai voltar. Pra mim, nunca iria haver retorno mais triunfante do que se apresentar nas Olimpíadas, sem aviso.

Uns meses depois, estava eu me preparando para ir dormir, pois iria acordar cedo para assistir um Nintendo Direct que ia ser exibido às 07h30min da manhã, se não me engano.  Aí só fui dar mais uma fuçada no Facebunda, por força do hábito, pra ver as últimas fofocas antes de ir para o berço. Na hora que eu mudo a aba, nova publicação. De “David Bowie (Official)”. Era uma imagem com um ponto de interrogação e um link para o novo site do cara. Clico. Caio da cadeira (literalmente) quando aparece gigantesco “The Next Day: New David Bowie Album”. Meu corpo não estava pronto para isso. Curiosamente, dupla felicidade no mesmo dia, no Nintendo Direct, tinha sido anunciada a geração VI dos jogos de Pokémongo.

Veio o primeiro clipe, Where Are We Now, uma balada que resgatava sua estadia em Berlim, onde ele morou quando compôs a chamada Trilogia Berlim (os álbums ‘Heroes’, Low e Lodger). A capa do disco também não me agradou (e até hoje não me agrada). Sinceramente, pegar a capa do ‘Heroes’ e colocar um quadrado branco com um título em Arial não era nem um pouco bonito. É muito pós-modernismo para o meu gosto. Um mês depois do anúncio, saiu o clipe de The Stars (Are Out Tonight) e alguns dias depois deste, o disco na íntegra para ser ouvido pelo iTunes como Preview. E aqui estamos.

Nota para a capa, antes de tudo. De acordo com o [sic] artista que bolou a capa do álbum, “A capa de ‘Heroes’, coberta pelo quadrado branco, é sobre o espírito da grande música pop e rock que é ‘do momento’, que se esquece do passado ou o faz desaparecer. No entanto, sabemos que esse quase nunca é o caso. Não importa o quanto tentemos, não podemos nos libertar do passado. Quando você é criativo, isso se manifesta de várias formas, fica evidente em cada marca que você deixa (particularmente no caso de um artista como Bowie”. Ok. É válida a ideia, mas precisava ser tão podre? Sinceramente, os dois clipes conseguiram provar isso de maneira muito mais interessante e menos porca do que essa capa. Vou mandar o meu currículo pro Bowie, pra ver se eu posso fazer a capa do próximo álbum. Mexer no Paint eu já sei.

A faixa título, por exemplo, mostrou que Bowie veio com tudo. Numa batida similar às faixas do álbum Reality, de 2003, conta a história de um rei, ou melhor, julgando os certos acontecimentos recentes, ditador tirano que não dava atenção ao seu povo, até ser alvo de um golpe e largado moribundo, com o “corpo deixado para apodrecer no oco de uma árvore”, de acordo com a própria canção. O arranjo tem melodias de guitarras sobrepostas e percussão que lembram vagamente a música eletrônica industrial, estilo de música em que Bowie já se aventurou na década de 90.

Depois de uma leve análise da letra, a primeira pessoa que me vem à mente é Muammar Gaddafi. Gaddafi era um ditador egocêntrico da Líbia que foi derrubado pelo próprio povo durante o evento hoje denominado pela história de Primavera Árabe. A queda definitiva do mesmo se deu na chamada Segunda Batalha de Trípoli. Os próprios cidadãos expulsaram Gaddafi e suas tropas da cidade, passagem ilustrada pelos versos “They whip him through the streets and alleys there” (Eles o chicoteiam pelas ruas e becos) e “They chase him through the alleys chase him down the steps/They haul him through the mud and they chant for his death” (Eles o perseguem através dos becos, seguindo seus passos/Eles o arrastam até a lama, clamando por sua morte) – sendo que essa ideia de becos é uma alusão à outra realidade distópica, já trabalhada no álbum Diamond Dogs. Em seguida, o ditador foge para Sirte, que também é atacada. Gaddafi então acaba morrendo em decorrência desses ferimentos. Aí encontramos seu estado moribundo de ferido em “Here I am/Not quite dying/My body left to rot in a hollow tree/Its branches throwing shadows/On the gallows for me/And the next day/ And the next/And another day” (aqui estou eu/quase que moribundo/meu corpo foi deixado para apodrecer no oco de uma árvore/seus galhos projetam sombras sobre mim/agindo como minha forca/pelo dia seguinte/e no próximo/e no próximo dia). Quem não sabe inglês, não faria ideia que é uma letra melancólica dessa maneira, julgando pela batida.

Dirty Boys é uma canção que resgata a Trilogia Berlim, mais especificamente Lodger, com riffs de guitarra pesados e lentos, além de uma atmosfera pesada. A letra reconstrói a era do glitter e possivelmente o suposto passado bissexual do cantor, quando sairia com outros caras para tocar a zona e fazer sabe-se lá o quê, não ligando para absolutamente nada, buscando apenas a diversão.

The Stars (Are Out Tonight) retrata a questão dos indivíduos chamados de Olimpianos pelo jornalismo. Pessoas constantemente na mídia, tanto faz se possuem motivo ou não. A própria canção cita Brigitte, Kate e Brad, provavelmente alusão à duquesa Kate Middleton e aos atores Brad Pitt e Brigitte Bardot. Eu citei a expressão “Olimpiano” não por acaso, para mostrar que eu sei termos jornalísticos ou sei lá o quê. A própria canção coloca esse tipo de gente como se estivessem num mundo próprio, alternativo, num próprio e fechado Olimpo, referenciado pelo verso “We live closer to the Earth/Nearer to the Heavens” (Vivemos perto da Terra/Próximos ao Paraíso).

Ele ainda cita a figura do sátiro, que também pertence à mitologia greco-romana. Cita a questão da alienação, onde você idolatra alguém que nem sabe que você existe. Coloca as celebridades como objeto de idolatria incondicional, como no verso “They burn you with their radiant smiles/Trap you with their beautiful eyes/They’re broke and shamed or drunk or scared/But I hope they live forever” (Elas o queimam com seus sorrisos radiantes/Prendem-no com seus lindos olhos/Estão falidas e envergonhadas ou bêbadas ou assustadas/mas eu espero que elas vivam para sempre).

O próprio Bowie se coloca entre essas pessoas, ao usar o pronome “We” (nós). Ele coloca que as estrelas, as celebridades, nunca morrem, sejam as vivas ou as mortas. Isso vale muito para seu período de dez anos inativo (7, se deixarmos de lado os dois anos em que ele trabalhou em The Next Day e o ano entre o lançamento do álbum Reality e o infarto), em que sempre queriam saber dele, como estava e quando iria voltar. O clipe retrata bastante isso. É o próprio Bowie em conflito. É sua veia artística – o jovem artista que, propositalmente, se parece muito com o cantor – brigando contra a sua vontade de continuar com a vida mansa, coçando o saco sem fazer nada – o próprio Bowie, já velho e cansado. O Bowie velho é atraído pela vida de celebridade, ao ver e comprar um tabloide no supermercado, mas se conforma com a vida mansa, ao repetir de forma robótica “tenho uma vida maravilhosa”.

Tudo isso em mais uma canção com a mesma pegada do álbum Reality. Não um rock pesado com todos os instrumentos encavalados um em cima do outro, mas aquele com o arranjo leve e bem trabalhado, com direito até a um meio que dueto do Bowie com ele mesmo, usando dois tons de voz diferentes.

A quarta canção do álbum traz um niilismo incluído. Love is Lost retrata uma garota de 22 anos que se desilude da vida. Ela não se identifica com mais nada que é de sua convivência, seja cultura do país, amigos, família ou até mesmo a casa onde mora. Está a beira de cometer suicídio, a julgar pelo verso “Say goodbye to the thrills of life” (diga adeus aos trilhos da vida) e “Wave goodbye to the life without pain” (diga adeus para uma vida sem dor). Julgando o verso final da música, “What have you done?” (O quê você fez?), cantado de maneira dramática, o desfecho da garota não foi lá dos mais agradáveis.

Algo me incomodou no verso “You’re twenty two”. O mais comum seria se referir à idade da garota, mas eu fiz uma pequena busca e acabei chegando numa passagem bíblica. “DEUS meu, DEUS meu, por que me desamparaste? Por que Tu estás tão longe, tão longe das palavras do meu gemido?” (Salmo 22:1). Um grito de angústia de quem foi abandonado até mesmo por Deus. O amor supremo. Perdido. Talvez a canção com o clima mais pesado e intenso do álbum, que começa com uma linha agudíssima de órgão que só para quando entra o vocal. É uma canção psicodélica. Nota irrelevante: quando escutei o álbum pela primeira vez, a Love is Lost me impressionou tanto que me esqueci do resto do álbum e fiquei escutando em loop por três horas consecutivas, até passar para a seguinte, a já conhecida Where Are We Now?.

O primeiro single do álbum é uma balada que resgata o tempo de David Bowie em Berlim. É uma análise de seu passado e presente, perguntando-se onde está agora. O que fez para chegar onde está. Mais uma vez, o clipe nos ajuda a entender este contexto, como quando o cantor olha para um apartamento cheio de besteiras que representam uma reflexão de toda a sua vida. O apartamento em si é uma referência direta ao local onde viveu com Iggy Pop na segunda metade da década de 70, como um retiro criativo para compor. O clipe compara a Berlim de hoje com a daquela época, dividida por um muro em plena guerra fria. A capa do single é justamente uma foto do Bowie na chamada Era Berlim de ponta cabeça, simbolizando a mudança radical.

Mais uma balada, dessa vez trágica. O riff inicial de Valentine’s Day imediatamente me lembrou do começo de ‘Heroes’. Também tem uma certa semelhança com o estilo de música da banda T. Rex, do vocalista Marc Bolan, amigo e rival de Bowie nos anos 70. O maior destaque vai para a guitarra no final que acompanha as mesmas notas alcançadas pelo vocal.

O álbum Earthling de 1997 marcou uma incursão de cabeça de Bowie na música eletrônica. If You Can See Me é uma música que segue completamente a vibe de Earthling. Poderia facilmente se passar por uma canção daquele álbum. Um som totalmente industrial acompanhado por um vocal robótico nos versos comuns. Só no refrão e na ponte para o mesmo que a canção deixa de soar artificial. É uma letra complicada, mas parece tratar a questão da mídia e internet cada vez mais presentes no dia a dia. A onipresença é trabalhada no refrão com “If you can see me/I can see you” (Se você me vê, eu posso ver você), bem como a questão da cultura de massa exercida pela publicidade em “I could wear your new blue shoes/I should wear your new red dress” (Eu podia usar seus novos sapatos azuis/Eu poderia usar seu novo vestido vermelho), se referindo ao uso excessivo do imperativo em compre, use, seja, vista, entre outros. É uma das letras mais complicada do disco, mas até onde deu para entender, trata sobre comunicação.

I’d Rather Be High já é um pouco mais direta. Aludindo a Guerra do Vietnã que aconteceu no mesmo instante da onda hippie, fala sobre alguém que preferia estar se chapando, aproveitando a vida, fazendo sexo selvagem como adolescentes ou mesmo estar morto a ter que ir à guerra disparar contra outras pessoas.  O desenvolver da música lembra à fase mais psicodélica dos Beatles, fazendo alusão às drogas alucinógenas e entorpecentes.

Boss Of Me traz mais uma vez ao disco a atmosfera de Lodger, com direito inclusive ao saxofone barítono. Um pouco mais lenta, é sobre um homem submisso à garota que conquistou seu coração. Talvez seja uma canção se referindo a si mesmo e à Iman, sua atual esposa. Li uma vez que foi ela quem colocou o Bowie na linha e o tornou “careta” (igual à mulher do Ozzy fez com ele, mas essa é outra história). Talvez seja isso. Talvez não tenha nada a ver. Nunca se sabe.

No instante em que li o título Dancing Out In Space, eu me lembrei de outras três músicas do Bowie: Space Oddity, Ashes to Ashes e Hallo Spaceboy. As três fechariam uma trilogia do famoso Major Tom. A primeira canção fala do astronauta sendo lançado ao espaço e então perdendo a comunicação com a base de controle na Terra, quando passou a vagar pelo universo. Ashes to Ashes é a repercussão do desaparecimento de Major Tom algum tempo depois. É como se estivessem relembrando o tempo do lançamento e lamentando o que aconteceu ao astronauta. Hallo Spaceboy seria quando ele finalmente reestabelece comunicação novamente, depois de muito tempo perdido, perguntando se o astronauta está acordado (sentido figurado para vivo) e se ele gosta de homens ou mulheres, fazendo referência à era do glitter do começo da década de 70, quando Bowie reinava.

Dancing Out In Space pode não ser uma continuação direta da saga de Major Tom, mas que faz referência à mesma, faz. Ela cita alguém dançando como se estivesse vagando perdido no espaço. Há também a questão da silhueta, colocada em Hallo Spaceboy e trazida novamente nessa canção. Ainda colocaria a questão de trazer o astronauta de volta a terra, presente no verso “Let him sail back home tonight” (Deixe-o voltar para casa esta noite). Nunca se sabe, pode ser só a minha cabeça querendo ressuscitar novamente Major Tom.

Talvez uma das melodias mais limpas do álbum, sem a guitarra arranhando o ouvido. Uma batida calma e animada ao mesmo tempo, de forma paradoxal. Tem muita semelhança com algumas das trilhas compostas por Koji Kondo para Super Mario Galaxy, o que é curioso, uma vez que ainda estamos na temática espacial.

How Does the Grass Grow? é novamente uma crítica à guerra. Com vibe parecida com as canções do álbum Heathen, que mescla o eletrônico com o instrumental de forma mais que perfeita. Ao contrário de I’d Rather Be High que é sobre um adolescente drogado, How Does the Grass Grow? é sobre um soldado condicionado à tal. Que apenas cumpre o seu dever sem reclamar. Existe uma referência ao canto de guerra que estimula os soldados a fazerem seus inimigos derramarem sangue na grama porque é o que a faz crescer.

O Rock em sua essência também está presente no álbum, em meio a tantas composições elaboradas. (You Will) Set The World on Fire, apesar de menos complexa, é igualmente magnífica. É o riff de guitarra usado exaustivamente ao longo da canção metalinguística. Ou seja: Rock sobre rock. Mais especificamente sobre uma artista talentosa que promete fazer sucesso. O Eu-lírico é provavelmente um empresário enaltecendo tal promessa, a julgar pela linha “I can work the scene/I can see the magazines” (Eu posso trabalhar sua cena/Eu posso ver as revistas). Mais simples? Sim. Ruim? Longe disso. Se essa canção é ruim, Rebel Rebel também é. E sabemos que não é verdade.

A seguinte é mais uma balada, digna de comparação com o mais profundo e melancólico que Bowie já escreveu. Five Years, Rock’n’Roll Suicide, We Are The Dead, ou até mesmo The Loneliest Guy. Qualquer uma dessas é comparável à You Feel So Lonely You Could Die. É uma canção que cresce com o tempo. Five Years também está presente: a percussão usada no final é a mesma da canção de 1973. Sem falar que o título da música é uma referência à Heartbreak Hotel, de Elvis Presley, nos versos “They’re be so lonely, baby/Well, they’re so lonely/They’ll be so lonely, they could die” (Eles estão tão sós, querida/Bem, tão sós/Eles estarão tão só que poderiam morrer) que fazem um cruzamento com “I’ll bet you feel so lonely/You could die” (Eu aposto que você está tão só/que poderia morrer).

A última faixa do álbum regular é Heat. Eu sinceramente não entendi bulhufas do que a letra quer dizer. Uma visão por cima parece ser sobre si mesmo, sobre o seu passado como em “I don’t know who I am” (Eu não sei quem sou), referenciando suas múltiplas personas ao longo da carreira ou ainda “Songs of Dust” (Canções do Pó), sobre as músicas que escreveu sob o efeito de cocaína, mais especificamente, Station to Station. Assim como a faixa anterior, esta cresce ao longo do tempo e o ritmo do fim já está diferente do começo. É meio enigmática e fecha o álbum…

Só que não. Existe a famosa versão Deluxe. Aquela que sempre tem umas canções extras e que eu defendo com unhas e dentes que tais músicas são sempre as que foram excluídas da versão final do álbum e não possui nada de significativo (com exceção dos trocados extras). Enfim, So She é a primeira delas e não possui nada de especial. Não é uma música ruim. Só parece um material fraco saído de Heathen. Não tem uma letra interessante, apesar de ter uma composição cativante. A segunda faixa extra é Plan, um instrumental que se parece com a primeira parte de Station to Station. Usada também na primeira parte do clipe da “The Stars (Are Out Tonight)“.

A única 100% aproveitável das faixas bônus é I’ll Take You There, que retrata um casal, amantes talvez, de estrangeiros em direção aos Estados Unidos, a terra das oportunidades, em busca de uma vida melhor. Assim, são dois sonhadores que partem para a América atrás de trabalho, julgando pela referência ao dia primeiro de maio, dia internacional do trabalho em “Today, Today is the 1st of May” (Hoje, hoje é o dia primeiro de maio) e aos sonhos de um estilo de vida melhor e livre em “Get on with my life/Eat, Drink and Sleep/Look Up at the Stars” (Ajeitar a minha vida/Comer, beber e dormir/Olhar para as estrelas). O refrão também se refere à nova vida, uma nova identidade ao colocar o ponto “What will be my name/In the USA?” (Qual será meu nome/Nos EUA?) e “What will I become/In the USA?” (O que irei me tornar/Nos EUA?). Uma canção sobre o fluxo de imigrantes do começo século XX ao som de um rock puro. Digna para fechar o álbum.

A conclusão que se tira de The Next Day é que Bowie não fica fora de forma. Mesmo sem trabalhar com música por tanto tempo, ele não demonstra sinais de desgaste em sua capacidade criativa que lhe conferiu o apelido de Camaleão do Rock. The Next Day entra para a história não apenas como o retorno de uma lenda, mas também como um excelente disco. Talvez ainda um dos melhores de sua carreira. Até concordo que sua voz está um tanto velha, perto do vozeirão que conseguia alcançar na época do Thin White Duke, mas a rouquidão da idade deu um charme a mais para a faixa título, por exemplo, principalmente em “And the next day/And the next/And another day!” (pelo dia seguinte/e no próximo/e no próximo dia).

O lançamento foi genial. Sem anúncio prévio de um novo álbum e sem promoção do disco de forma excessiva. Sem fazer absolutamente nada, praticamente. Where Are We Now? é uma das mais fracas do álbum e fez todo esse estardalhaço. Está certo que o álbum não pareceria tão bom caso fosse lançada uma senhora música como o primeiro single, devido à expectativa que seria gerada baseada em tal faixa, mas ainda assim, nada tira o mérito do Retorno do Magro Duque Branco.

Eu li uma vez que o Bowie só retornaria quando conseguisse fazer um material realmente impressionante. Este álbum é tão magnífico que foi como um homem das estrelas, esperando nos céus e que queria vir a nós, mas pensava que nossas mentes não aguentariam. De fato, foi um material digno de retorno. Ziggy Stardust está de volta, para salvar a geração de hoje.

O único defeito do álbum foi a capa. Ah, deixa isso para lá. Como dizem: Jamais julgue um livro (ou no caso, um disco) pela capa.


Lista de Faixas

  1. “The Next Day” – 3:27
  2. “Dirty Boys” – 2:58
  3. “The Stars (Are Out Tonight)” – 3:56
  4. “Love is Lost” – 3:57
  5. “Where Are We Now?” – 4:08
  6. “Valentine’s Day”  – 3:01
  7. “If You Can See Me” – 3:15
  8. “I’d Rather Be High” – 3:53
  9. “Boss of Me” – 4:09
  10. “Dancing Out In Space” – 3:24
  11. “How Does The Grass Grow?” – 4:33
  12. “(You Will) Set The World On Fire” – 3:30
  13. “You Feel So Lonely You Could Die” – 4:41
  14. “Heat” – 4:25
  15. “So She” – 2:31
  16. “Plan” – 2:02
  17. “I’ll Take You There” – 3:41

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2 comentários sobre “Análise: The Next Day – David Bowie

  1. Genial , adorei sua analise , aproveito pra pedir uma opinião da versão de aniversário ( 40 anos) de Aladdin Sane , gostou das versões remasterizadas ou prefere as antigas?

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