Goodnight, Sweet Prince

2016 realmente não para. Primeiro foi o Bowie. Agora, Prince. Eu sinceramente não sei qual baque foi pior. O Bowie já estava velho (e nem era tanto assim), mas ter lançado um disco dois dias antes e ainda ter escondido a doença por um ano e meio foi algo que pesou. O Prince, já, foi simplesmente do nada. Eu tinha visto que ele tinha ficado com gripe a ponto de se internar no hospital, mas a gente sempre esquece que gripe também mata. Continuar lendo “Goodnight, Sweet Prince”

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Spaceboy, Are You Sleeping Now?

O começo dessa estranheza espacial me começou quando eu era bem pequeno. Esse “pequeno” de não lembrar absolutamente nada a respeito. Segundo alguns relatos, eu era ninado ao som de Life on Mars? no antigo aparelho de som aqui em casa. Desde então, sempre escutei suas músicas de nos últimos dez anos para cá, meu vício no trabalho do Camaleão do Rock só aumentou. Continuar lendo “Spaceboy, Are You Sleeping Now?”

Análise: The ArchAndroid – Janelle Monáe

Nesse auê todo do Rock In Rio, comecei a fazer na minha mente uma retrospectiva rápida dos outros RiR que já assisti – todos pela TV e internet, claro, não sou do Rio, nem tenho dinheiro para comprar o ingresso. Esse de 2015 foi fraco para ruim, o melhor show, em minha opinião, foi o do Elton John, mais porque ele é o ELTON FUCKING JOHN. Gostei também do Queen com o Adam Lambert (não deve em nada ao Freddie Mercury – EM NADA), mas foi só. Em 2013, lembro de ter gostado de Bruce Springsteen e, em especial, num único dia em que estavam no palco menor (heresia!) o André Mattos (ex-Angra), Helloween e a combinação Zé Ramalho + Sepultura (ZÉPULTURA). Continuar lendo “Análise: The ArchAndroid – Janelle Monáe”

Análise: The Next Day – David Bowie

Eu escuto David Bowie desde criança. Se não me engano, era ninado com Life On Mars?. Só que ele nunca me interessou como artista até mais ou menos uns quinze ou dezesseis anos. Sei lá, simplesmente não me chamava atenção. Curiosamente, uma época logo antes eu comecei a dar mais atenção ao Prince também. Aí eu comecei a empreitada de saber tudo sobre ele, escutar toda sua discografia, ver todos os filmes e assim vai.

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PonyExpress – The Return of the Thin White Duke


David Bowie anuncia um novo álbum. Eu achei que esse dia nunca chegaria. No dia de seu 66º aniversário, é a gente que ganha presente. O foda é que é uma data muito perto. Já agora em março. Resta ter a confirmação se vai ser um álbum feito de música velha arquivada ou se é material 100% novo. O álbum se chamará “The Next Day”. É o primeiro do cara em 10 anos.

Links relacionados: [Análise: The Rise and Fall of Ziggy Stardust] | [Análise: Labirinto]

O Desafio Musical de 250 Dias


Seguinte. É uma página no Facebook que desafia o indivíduo a postar 250 músicas em 250 dias. Acho que a primeira pessoa a fazer isso foi a Eirea, aí foi disseminando na minha lista de amigos do Facebook, embora nem todo mundo tenha completado. Tentei ao máximo variar, mas tem Muito MJ, Prince e Bowie. Acontece é que era sempre a última coisa que eu fazia à noite, e eu já estava morrendo de sono para pensar em algo diferente. Enfim, está aqui a minha listinha:

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Análise: The Rise and Fall of Ziggy Stardust – David Bowie

David Bowie é um cara que, infelizmente, não recebe sequer um terço de todo o crédito que merece. No último dia 6, seu álbum mais icônico, The Fall and Rise of Ziggy Stardust, completou quarenta anos.

Ziggy Stardust é um álbum conceitual. Ele conta a saga do artista homônimo que Bowie personificou durante o período da promoção de seu álbum. Tal personagem é inspirada em diversos outros ídolos do rock, como Iggy Pop, Jimi Hendrix, Vince Taylor e várias outras, além de ser a entidade perfeita, o ponto máximo da androginia. Tal extraterrestre é também um ícone na cultura popular.

O contexto se dá cinco anos antes de o mundo, de fato, acabar. Tal etapa é retratada pela música de abertura do álbum, Five Years, que descreve uma Terra desolada e escassa de recursos naturais. Tudo isso numa balada depressiva e melancólica que retrata a agonia de perder tudo que a humanidade já conquistara até então.

Em seguida, Ziggy reflete sobre a ausência dos diferentes tipos de amor nessa sociedade fria e triste em Soul Love, indo desde o amor materno ao amor que as pessoas deveriam ter por Deus. É uma canção sobre como o amor é cada vez mais escasso e como as pessoas vão se tornando mais e mais solitárias.  Ele coloca também a questão do amor físico e do amor verdadeiro, amor espiritual, aquele que é claramente visível e aquele que não é demonstrado, mas sabe-se que existe, de uma maneira ou outra.

Moonage Daydream é quando Ziggy começa a ser explorado. Num contexto sideral, ele demonstra que Ziggy é o alienígena Messias que viria a salvar a humanidade na forma de um rockstar em sua forma mais pura. Moonage Daydream é nada mais que uma alucinação causada por drogas alucinógenas, talvez?

Ziggy então, em sonho, tem uma visão sobre a vinda de um homem das estrelas. Starman pregava que as crianças, antes tristes e desinteressadas no Rock ‘N’ Roll por não haver energia elétrica, devessem aproveitar e se divertir da maneira que fosse possível. Ziggy então escreve uma canção sobre e passa a acreditar que ele é uma espécie de mensageiro deste homem das estrelas, um profeta, um Messias.

Começa a ascensão de Ziggy Stardust. As faixas a seguir tratam da peregrinação artística de Ziggy. It Ain’t Easy fala sobre suas dificuldades em seu caminho, bem como Lady Stardust que retrata um pouco do seu lado andrógino e feminino. Star retrata sua consagração como um ídolo enquanto Hang On To Yourself é sobre a vida na banda, como as apresentações e as tietes de camarim.

Suffragete City retrata o vício nas drogas, como a vida de estrela acaba por ser cansativa e os famosos recorrem às drogas para escapar da realidade. Henry, na música, é um apelido dado à heroína, bem como Suffragete City é o estado psicológico aonde ele vai parar quando está chapado. Na mesma canção há uma provável referência à Laranja Mecânica, quando ele se refere usando a palavra “droogie”, fazendo alusão ao lactobar Korova, onde eram vendidos os leites alucinógenos.

Rock ‘N’ Roll Suicide é a vinda, de Starman. É quando Ziggy Stardust morre para dar lugar ao deus que lhe enviara a visão. Starmen são na verdade, várias entidades feitas de antimatéria que surgem em pleno palco a partir de um buraco negro. Ziggy morre dilacerado, pois a antimatéria precisava assumir alguma forma para permanecer estável. Dá-se a queda de Ziggy Stardust, eternizando-o.

À medida que fui descrevendo o álbum, eu acabei pulando uma faixa que talvez seja a mais importante delas. A própria canção Ziggy Stadust é sob o ponto de vista de um dos integrantes de sua banda. É uma música que resume toda sua trajetória e seu ser. A partir dela, sabe-se que Ziggy era canhoto e tinha um visual exótico. É mostrado também que Ziggy tem sua crise de estrelismo e a banda não o aguentava mais, mas precisavam dele, porque cara, ele tocava muita guitarra. A última estrofe retrata Ziggy no auge de seu egocentrismo como um messias leproso, uma alusão às entidades de infinito que eram Starmen arrancando os pedaços de seu corpo.

The Rise and Fall of Ziggy Stardust é uma obra de ficção científica. A personagem é construída de forma completa, dentro de um contexto, o que a transforma em algo tão magnífico. É uma saga com começo, meio e fim. Ziggy é um ícone do Rock ‘n’ Roll e Bowie é um nome que deveria ser tão grande e ter tanto prestígio quanto os Beatles, Elvis Presley ou Michael Jackson. Apesar de começar numa vertente mais roqueira, o lado visual do pop hoje se deve inteiramente a ele. Chamar o Kiss de pioneiro é simplesmente um insulto ao Glam Rock. Tudo vem de Bowie e tudo vai de Bowie. Eu me pergunto o motivo de nunca ter existido um filme narrando a saga de Ziggy Stardust a partir do conceito do disco, igual foi feito com o The Wall, do Pink Floyd. O Filho do Bowie é cineasta, quem sabe um dia.

A verdade é que hoje, graças à The Rise and Fall of Ziggy Stardust, tudo, absolutamente tudo vem de Bowie. Ele não é uma simples bicha louca. Ele é o que faz a sua Lady Gaga ser o que é hoje. O álbum pode não ser composto de faixas de gêneros variados como Purple Rain, é até um pouco repetitivo e monótono em algumas partes, mas absolutamente nada tira o crédito deste disco.


Lista de Faixas

  1. “Five Years” – 4:44
  2. “Soul Love” – 3:33
  3. “Moonage Daydream” – 4:35
  4. “Starman” – 4:13
  5. “It Ain’t Easy” – 3:00
  6. “Lady Stardust”  – 3:20
  7. “Star” – 2:50
  8. “Hang On To Yourself” – 2:40
  9. “Ziggy Stardust” – 3:13
  10. “Suffragete City” – 3:25
  11. “Rock ‘n’ Roll Suicide” – 3:38

Análise: MDNA Deluxe – Madonna


Depois de escutar MDNA e fazer uma análise sobre o mesmo, adquiri uma cópia do MDNA para meu bel prazer, só que a minha é a edição de luxo. Isso significa que ganhei mais músicas para falar sobre. Apesar de tudo isso, eu sempre vi essa ideia de edição de luxo como uma desculpa para lançarem músicas que falharam na seleção final. É quase como um material fracassado mesmo, embora em várias dessas acabem surgindo pérolas que acabam se tornando o melhor do disco. Aviso já que, contudo, MDNA não é uma dessas exceções e tem um material extra bem fraco.

A primeira na ordem é Beautiful Killer. Eu não consigo deixar de assimilar outra música da Madonna, Beautiful Stranger – a que ela fez para a trilha sonora de um dos filmes do Austin Powers. Apesar de ainda seguir naquela vibe mais eletrônica, possui uma batida mais leve que o resto do disco. Ao fim, ela compara o assassino da música com Alain Delon, provavelmente uma referência ao papel que o ator (conhecido pela sua pinta de galã) interpretou em O Assassinato de Trotsky, em que ele, obviamente, interpreta o assassino. A música se encerra com o barulho de um tiro.

A próxima é I Fucked Up, em que a eu-lírico acaba lamentando-se por ter acabado com o namorado/amante/whatever e o quer de volta. Boba, monótona e sem graça. Pouco criativa também. O mesmo vale para B-Day, que vem na sequência. Fútil, tosca e boba. Nada se aproveita da letra. Devem tê-la colocado só para aproveitarem a M.I.A. que faz ponta nessa música também.

O melhor dessa parte extra do álbum é Best Friend. Não é uma letra das mais criativas, o mesmo vale para sua estrutura. Ainda assim, tem algo inexplicável que a faz se boa. Talvez seja justamente pela sua simplicidade. É uma música totalmente sem floreios. A última da sequência é um remix de Give Me All Your Luvin’. Eu geralmente gosto de remixes, mas não sei. Eu não consegui formar uma opinião sobre esse. Isto é, colocou mais um rap e mudou a ordem das estrofes na música? Isso não é algo que eu recomende dar atenção. Trouxa é aquele que vê algum diferencial nesse caça níqueis.

Observa-se que essa edição de luxo não é nenhum extra realmente essencial. Só sustenta a hipótese que levantei anteriormente sobre o fato dessas versões de luxo conter músicas fracassadas em entrar na versão final do álbum. É um extra tão irrelevante que nem darei alguma nota ou coisa parecida. E também o preço é irrelevante, coisa de quatro ou cinco reais a mais do preço do álbum comum.


Lista de Faixas

  1. “Girl Gone Wild” – 3:43
  2. “Gang Bang” – 5:26
  3. “I’m Addicted” – 4:33
  4. “Turn Up The Radio” – 3:46
  5. “Give Me All Your Lovin'” (feat. Nicki Minaj & M.I.A) – 3:22
  6. “Some Girls”  – 3:55
  7. “Superstar” – 3:53
  8. “I Don’t Give A” – 4:19
  9. “I’m a Sinner” – 4:52
  10. “Love Spent” – 3:45
  11. “Masterpiece” – 3:58
  12. “Falling Free” – 5:13
  13. “Beautiful Killer” – 3:49
  14. “I Fucked Up” – 3:29
  15. “B-Day Song” (feat. M.I.A) – 3:33
  16. “Best Friend” – 3:20
  17. “Give Me All Your Luvin'” (Party Rock Remix) (feat. Nicki Minaj & LMFAO) – 4:02

Análise: MDNA – Madonna

A Madonna hoje é apenas uma sombra dos anos oitenta. Não sei, mas os últimos materiais dela são um tanto intragáveis (Hard Candy e Celebration). Ano passado veio o anúncio que ela estaria trabalhando num novo disco. Eu fiquei com uma pulga atrás do ouvido quanto à qualidade, afinal, a Madonna de hoje é uma Madonna totalmente diferente da Madonna de 30 anos atrás.

MDNA não cumpriu expectativa alguma que eu tenha feito, seja de forma positiva ou negativa. Acontece que o disco não é sua redenção, mas, à medida que ia escutando as demos que eram liberadas, eu estava criando tanto pessimismo para cima do disco, mas tanto pessimismo (cheguei até a matar a velha em uma postagem no meu Facebook) que o resultado final não pareceu tão ruim, agora que o CD vazou e eu pude escutá-lo na íntegra.

Olhando bem por cima, a atmosfera do disco se exibe como algo bem hipnótico, psicodélico e paranoico. O pop eletrônico (ou synthpop, como preferirem) integra boa parte do disco. Nota-se que o disco é um tributo da Madonna a si mesma. É também quase uma lavagem cerebral anti-gaga, como será ilustrado nos parágrafos que se seguirão.

A primeira faixa do álbum MDNA é Girl Gone Wild. Impossível não traçar um paralelo com Girls Just Wanna Have Fun, de Cindy Lauper (só que de uma forma muito mais agressiva e menos inocente); mas com uma batida eletrônica – e muitos, muitos filtros – à Britney Spears. Saiu um preview do clipe dessa música e digamos que polêmico é a palavra que o descreve, com direito até a um beijo homossexual numa psicodelia preto e branco. .

Gang Bang aposta numa atmosfera pesada e progressiva. O Eu-lírico é uma mulher prometendo se vingar do marido/amante que havia a traído. O ponto alto da canção é a partir do tempo 3:30, quando a atmosfera da música muda totalmente após uma pausa silenciosa, passando de uma batida simples para uma eletrônica à moda de Skrillex, com todo aquele caos sonoro. Esse ponto também marca o assassinato do marido, cometido pela garota retratada na música.

Na sequência, I’m addicted surge como mais uma música synthpop. Essa com uma atmosfera muito mais leve que a anterior, compara o amor a uma droga; MDMA, especificamente (outro nome do Ectasy). Pegaram a referência? Aliás, essa música também surge uma reviravolta quando chega perto do final, aproximadamente no terceiro minuto. Comparável a Your Love Is My Drug, da Ke$ha.

Agora vem Turn up the Radio. Agora é um exemplo metalinguístico de tributo. Uma música à própria música. Talvez a canção mais oitentista do álbum, simplesmente incitando as pessoas a esquecerem de seus problemas e apenas aumentarem o volume do rádio. Que todos nós sejamos livres para fazermos o que nos deixa felizes. Contudo, ainda é um tributo à própria cantora, pois é quase uma versão 2.0 de Get Together (do álbum Confessions on the Dance Floor – bom álbum, por sinal).

Essa já é mais conhecida, sendo o primeiro single do álbum. Com a contribuição de Nicki Minaj e M.I.A, Give me All Your Luvin’ é a música que define a obra como um auto-tributo, com referências à própria Madonna e à sucessos anteriores, como Lucky Star e Material Girl (o clipe tem também referências à Papa Don’t Preach e Like a Virgin) . Essa música é ligeiramente princiniana (gostaram do termo?), por enfatizar a própria pessoa que a canta de forma megalomaníaca. Nessa música, a cantora chuta o balde ao enaltecer suas qualidades e ordena que todos a amem. Sendo também uma canção anti-gaga, a aparição de Nicki Minaj e M.I.A faz todo o sentido possível. Ambas possuem uma rixa com Gaga de alguma maneira. A primeira é tão extravagante quanto (o que gera uma revolta de ambas as partes) e a segunda acusou a Gaga de plágio. GMAYL é uma lavagem cerebral. Aquele refrão insuportável gruda na mente das pessoas de forma insuportável.  Seguindo o padrão pop moderno, era mesmo a música perfeita para ser lançada como primeiro single.

Some Girls é quase um Material Girl Redux (lembrem-se, MDNA é tributo a si própria), mas sem a magia da original, infelizmente. Trata sobre os temas que denigrem a imagem feminina no século XXI. “Cocô” é o adjetivo correto para descrevê-la. Ruim que só.

Dando sequência, surge Superstar, uma música mais leve que as demais. O Eu-lírico é simplesmente alguém declarando o amor ao seu ídolo, fazendo diversas analogias. Contando com a presença da Lourdes Maria (filha da Madonna) nos back-vocals. Muito bizarro que foi a própria Madonna que intimou a presença dela. Imaginei-a no quarto de castigo caso não cantasse no “álbum da mamãe”. Certo, essa é uma canção restolha e não faço questão de ouvi-la de novo tão cedo.

A próxima é I Don’t Give A, feita com mais uma participação de Nicki Minaj. Afirmo com toda a certeza que é a melhor do álbum. É uma canção realmente única. Madonna consegue fazer rap praticamente sem ser um rap (é igual ao Prince em Laydown ou Michael Jackson em Privacy). A progressão da música é fantástica. A letra trata sobre um dia “comum” da Rainha do Pop e é uma provocação às novinhas do pop. Mesmo a parte de Nicki Minaj foi escrita enaltecendo a Madonna e denigrindo a si própria (e suas companheiras contemporâneas), chamando-as de garotas materiais (pegou?) e sem conteúdo. E ao fim de tudo isso, uma fantástica explosão instrumental, suprimindo toda música eletrônica presente na música, com Nicki se pronunciando ao fim “Só existe uma Rainha. Seu nome é Madonna”. Fantástica, tomara que seja lançada como single, ganhe clipe e tudo que ela merece. Falei tudo isso e olha que eu tenho birra com Rap e similares. Sim, isto é Madonna, não o que eu escutei em Hard Candy.

I’m a Sinner é meio que um tributo à Like a Prayer. É mais uma vez a Madonna querendo criar briga com a Igreja, debochando da morte de Cristo, obrigando Nossa Senhora à se ajoelhar e rezar e coisas do gênero. Curiosamente, essas passagens são as melhores da música, pois as rimas são confortáveis aos ouvidos e acabam contagiando.

Love Spent é uma crítica a casamentos que são praticamente comprados. O Eu-lírico é cheio da grana e ela só quer o amor do seu par. É bem composta e a letra não é das piores. O mais interessante é que não é uma música tão egocêntrica igual às outras, apesar de ser ainda um tributo de Madonna à própria pessoa: Love Spent contém um sample de Hung Up, música de Confessions on the Dance floor que por sua vez contém o mesmo sample de Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight), do Abba

Vinda da trilha sonora do filme W.E (dirigido por Madonna), Masterpiece resgata um pouco das canções de amor do trovadorismo, populares na idade média, em que um eu-lírico masculino sonha com a mulher perfeita e a idolatra. Simples, porém bonita canção. Mereceu o Globo de Ouro.

A última canção da versão comum do álbum standard (tem também a versão de luxo) é Falling Free. É a única música cuja batida não parece um estupro sendo realizado nos ouvidos do ouvinte. Muito agradável, assemelha-se a uma canção de ninar ou a uma dessas músicas usadas para meditação e que servem de estímulo para “se tornar um só com a natureza”. Deve se relacionar de alguma forma à Cabala, religião da cantora.

MDNA é um disco anti-gaga. É um disco sobre Madonna, simples e puramente. É também o pop em sua essência, com músicas grudentas que ficam martelando em sua cabeça o dia todo, com aqueles refrãos repetitivos que ficam dias na sua cabeça. Não é algo memorável, mas também é melhor do que os últimos trabalhos da Madonna. Interessante é que essas músicas realmente possuem mais de um compositor, mas todas elas são muito bem arranjadas e compostas, justificando a presença de tantos, por mais que a música seja chiclete e boba.

Esse é o fenômeno Madonna. Simples, escrachada, escatológica, convencida, pentelha e polêmica. Sejam os melhores dos tempos ou os piores dos tempos, uma Rainha jamais perde a majestade. MDNA, por fim, é Madonna sendo uma Lady Gaga melhor que a própria, se bem que para isso, não é necessário muito…


Lista de Faixas

  1. “Girl Gone Wild” – 3:43
  2. “Gang Bang” – 5:26
  3. “I’m Addicted” – 4:33
  4. “Turn Up The Radio” – 3:46
  5. “Give Me All Your Lovin'” (Feat. Nicki Minaj & M.I.A)– 3:22
  6. “Some Girls”  – 3:55
  7. “Superstar” – 3:53
  8. “I Don’t Give A” (Feat. Nicki Minaj)– 4:19
  9. “I’m a Sinner” – 4:52
  10. “Love Spent” – 3:45
  11. “Masterpiece” – 3:58
  12. “Falling Free” – 5:13

Nota:
Para uma análise da versão Deluxe, clique aqui.